Do grego orthographia (escrita correta), a ortografia é a parte da Gramática que trata do uso correto das letras e dos sinais gráficos na língua escrita. Em nosso idioma, fazemos uso, na comunicação escrita, de letras, sinais diacríticos e sinais de pontuação.
O sistema ortográfico vigente em nosso país foi elaborado pela Academia Brasileira de Letras, em 1943, que, em virtude da Lei Federal n.o 5.765, de 18 de dezembro de 1971, vigente a partir de 09 de janeiro de 1972, sofreu algumas alterações no que se refere às regras de acentuação gráfica das palavras.
Nosso alfabeto, que é o conjunto de símbolos gráficos (grafemas) que utilizamos para transcrever a maioria dos sons da linguagem articulada, compõe-se, atualmente, de 23 letras. São elas: a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, l, m, o, p, q, r, s, t, u, v, x e z..
A letra h não tem valor fonético, pois não representa som nenhum, sendo, portanto, denominada letra muda.
Você __ como a maioria das pessoas __ já teve dúvidas quanto à grafia de determinadas palavras. Muito dificilmente você encontrará alguém que não as tenha tido. Ocorre que nosso sistema ortográfico está fortemente vinculado à etimologia, isto é, à origem das palavras. Cerca de 80% das palavras de nossa língua vieram do latim, aproximadamente 15%, do grego e o restante, de outros idiomas (alemão, inglês, italiano, espanhol, francês, árabe, japonês, chinês, sânscrito, hindi, línguas africanas, indígenas, etc.). Teoricamente, para que uma pessoa domine com absoluta segurança a ortografia de nossa língua, é preciso que ela conheça profundamente todos ou a maioria desses idiomas.
Calma! Não é preciso chegar a tanto. Há outros meios mais fáceis. A maneira mais simples, prática e objetiva de adquirir um bom conhecimento de ortografia é ler e escrever bastante, ver as palavras, familiarizar-se com elas. E sempre que tiver dúvida quanto à grafia desta ou daquela palavra, não seja orgulhoso nem preguiçoso: consulte um bom dicionário. Não “chute” na hora de escrever a palavra, nem “fuja” dela; tenha o bom senso e __ por que não dizer? __ a humildade de consultar um dicionário, um bom dicionário.
Apenas a título de ilustração, vamos arrolar a seguir algumas regras de fácil memorização, que lhe serão muito úteis:
EMPREGO DE X E CH
1) Grafa-se x depois de ditongos.
Ex.: abaixo, ameixa, caixa, peixe, queixo, trouxa, etc.
Exceções: caucho e seus derivados, como recauchutar e recauchutagem.
2) Grafa-se x depois de en-.
Ex.: enxada, enxame, enxertar, enxerto, enxurrada, enxofre, enxoval, enxotar, etc.
Atenção: se, contudo, houver o prefixo en- + palavra iniciada por ch, claro está que se deve grafar com ch.
Ex.: encharcar (de charco), enchente (de cheio), enchiqueirar (de chiqueiro), etc.
A palavra enchova, posto que seja grafada com ch, foge a essa regra.
EMPREGO DE -EZ(A) E -ÊS/-ESA
1) Grafa-se -e, -esa quando for substantivo concreto, que indica origem, nacionalidade, posição social, títulos honoríficos, etc.
Ex.: burguês (de burgo), camponês (de campo), japonês (de Japão), marquesa, princesa, etc..
Exceção: tez (pele) e xadrez.
2) Grafam-se também com -ês ou -esa os adjetivos derivados de substantivos concretos.
Ex.: burguês (de burgo), cortês (de corte), milanês ou milanesa (de Milão, na Itália), montanhês (de montanha), etc.
3) Os substantivos abstratos, derivados de adjetivos, geralmente são grafados com -ez ou -eza.
Ex. acidez (de ácido), altivez (de altivo), avidez (de ávido). aridez (de árido). beleza (de belo). dureza (de duro), braveza (de bravo), leveza (de leve), fineza (de fino). natureza (de natural), magreza (de magro), etc.
-IZA OU -ISA?
Os substantivos femininos terminados em -isa são grafados sempre com s.
Ex.: poeta/poetisa, papa/papisa, profeta/profetisa, sacerdote/sacerdotisa, etc.
-IZAR OU -ISAR?
Os verbos terminados em -izar e -isar seguem os seguintes critérios:
a) Quando o substantivo correspondente ao verbo traz is + vogal, deve ser grafado com -isar.
Ex.: aviso/avisar, paralisia/paralisar, friso/frisar, análise/analisar, pesquisa/pesquisar, etc.
Exceções: iris/irisar e bis/bisar.
b) Quando o verbo cujo substantivo correspondente não traz is + vogal, deve ser grafado com -izar.
Ex.: economia/economizar, humano/humanizar, catequese/catequizar, fiscal/fiscalizar, etc.
CASOS DIVERSOS
1) O sufixo -oso ou -osa sempre se grafa com s.
Ex.: amor/amoroso, chuva/chuvosa, gosto/gostoso ou gostosa, etc.
2) Os verbos usar, pôr e querer não possuem formas com z, portanto: uso, usei, usou; quis, quisesse, quiseram; pus, pusesse pusemos, etc.
3) Os verbos terminados em -uir têm suas formas das 2.a e 3.a pessoas do presente do indicativo grafadas com i. Exemplos:
possuir ® tu possuis
ele possui
contribuir ® tu contribuis
ele contribui
influir ® tu influis
ele influi
4) Os verbos terminados em -ir têm suas formas da 2.a e da 3.a pessoa do presente do indicativo terminadas em e. Exemplos:
reunir ® tu reúnes
ele reúne
partir ® tu partes
ele parte
acudir ® tu acodes
ele acode
5) Os verbos terminados em -uar e -oar têm suas formas de 1.a, 2.a e 3.a pessoas do presente do subjuntivo grafadas em e. Exemplos:
abençoar ® que eu abençoe
que tu abençoes
que ele abençoe
magoar ® que eu magoe
que tu magoes
que ele magoes
continuar ® que eu continue
que tu continues
que ele continue
efetuar ® que eu efetue
que tu efetues
que ele efetue
recuar ® que eu recue
que tu recues
que ele recue
VERBOS TERMINADOS EM -EAR
1) Os verbos terminados em -ear recebem um i nas formas rizotônicas, ou seja, aquelas cujo acento prosódico se localiza no radical. Exemplos:
recear ® eu receio
tu receias
ele receia
eles receiam
que eu receie
que tu receies
que ele receie
que eles receiem
frear ® eu freio
tu freias
ele freia
eles freiam
que eu freie
que tu freies
que ele freie
que eles freiem
As formas arrizotônicas desses verbos, cujo acento prosódico está fora do radical, não trazem i, como podemos verificar nos exemplos abaixo:
recear ® nós receamos
vós receais
que nós receemos
que vós receeis
ele receava
tu receavas
Também não recebem i o particípio receado, o gerúndio receando e o adjetivo receoso.
O verbo frear segue o mesmo paradigma.
18 de fev. de 2008
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