18 de fev. de 2008

ADJETIVO

Consideremos os exemplos abaixo.


Homem magro.

Mulher bonita.

Livro preto.

Ela é uma linda menina.

Rapaz inteligente.


As palavras em itálico são adjetivos.

Adjetivos são, portanto, palavras que têm como função modificar os substantivos, indicando-lhes qualidade, modo de ser ou aparência. Como bem definiram os Prof.s Celso Cunha e Lindley Cintra, em sua GRAMÁTICA DO PORTUGUÊS CONTEMPORÂNEO, 2.a edição, à página 238), o adjetivo é “essencialmente um modificador do substantivo”.


Os adjetivos podem ser uniformes e biformes e simples e compostos.

1) Adjetivos uniformes são aqueles que possuem uma única forma para o masculino e o feminino.

Ex.: feliz, alegre, triste, fiel, azul, gentil, jovem, vil, paulista, etc.

2) Adjetivos biformes são aqueles que possuem uma forma para o masculino e outra para o feminino.

Ex.: mau/má, ateu/atéia, bom/boa, bonito/bonita, português/portuguesa, são/sã, etc.

3) Adjetivos simples são aqueles constituídos de um só radical.

Ex.: lindo, azul, vermelho, claro, grande, triste, etc.

4) Adjetivos compostos são aqueles constituídos de mais de um radical

Ex.: vermelho-claro, politico-social, luso-brasileiro, castanho-escuro, etc.

Os adjetivos podem ainda ser primitivos e derivados.

Primitivos são os adjetivos que não derivam de outra palavra, tais como bom, mau, forte, feliz, etc.

Derivados são os adjetivos que derivam de substantivos ou verbos, tais como famoso, carnavalesco, amado, etc



ADJETIVOS ERUDITOS



Numerosos adjetivos existem que significam “relativo a”, “semelhante a”, “próprio de”, “da cor de”, que. São os chamados adjetivos eruditos. Eis alguns exemplos dos mais usados:


corpo de alunos = corpo discente.

reunião de bispos = reunião episcopal.

ataque do coração = ataque cardíaco.

doença do estômago = doença gástrica.

problema do fígado = problema hepático.

material de guerra = material bélico.

corpo de professores = corpo docente.



ADJETIVOS PÁTRIOS



Existem ainda entre os adjetivos aqueles que designam nacionalidade ou lugar de origem de alguém ou de alguma coisa. Citemos, a título de ilustração, alguns exemplos:



Brasil — brasileiro(a).

São Paulo (Capital do Estado) — paulistano(a).

São Paulo (Estado) — paulista.

Rio de Janeiro (Capital do Estado) — carioca.

Rio de Janeiro (Estado) — fluminense.

Mato Grosso — mato-grossense.

Egito — egípcio.

Buenos Aires — portenho.

Pereira Barreto — pereira-barretense.[1]







LOCUÇÃO ADJETIVA



Locução adjetiva é uma locução que equivale a um adjetivo. Eis alguns exemplos:



Amor de mãe = amor materno.

Presente de rei = presente régio.

paixões sem freio = paixões desenfreiadas.

Aves da noite = aves noturnas.

Amor sem limites = amor ilimitado.

carinho de filho = carinho filial.



A exemplo do substantivo, os adjetivos podem sofrer flexões de gênero, número e grau.



1. GÊNERO — masculino ® bom

feminino ® boa



2. NÚMERO — singular ® bom, boa

plural ® bons, boas



3. GRAU — comparativo de igualdade: Ela é tão inteligente quanto (ou como) eu.

comparativo de superioridade: Ela é mais inteligente que (ou do que) eu.

comparativo de inferioridade: Ela é menos inteligente que (ou do que) eu.

superlativo absoluto analítico: muito inteligente.

superlativo absoluto sintético: inteligentíssimo

superlativo relativo de superioridade: a mais inteligente.

superlativo relativo de inferioridade: a menos inteligente.



Como podemos depreender do quadro acima, o superlativo absoluto analítico é expresso por meio do advérbio muito anteposto ao adjetivo. Em lugar de muito podemos fazer uso, ainda, dos advérbios extremamente, excepcionalmente, etc. Ex.:



Aquele caso é extremamente sério (seriíssimo).



Em muitos adjetivos, o superlativo absoluto sintético se apresenta de duas formas: uma erudita, de origem latina, e outra popular, de origem vernácula. A forma erudita é constituída pelo radical do adjetivo latino + um destes sufixos: -íssimo, -imo e -érrimo.

Ex.: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo.

Por outro lado, a forma popular se forma com o radical do adjetivo português + o sufixo -íssimo.

Ex.: pobríssimo, agilíssimo, amarguíssimo, etc.



Alguns adjetivos apresentam formas especiais na formação dos graus comparativos e superlativos. São os adjetivos bom, mau, grande e pequeno.

ADJETIVO COMPARATIVO DE SUPERIORIDADE

bom melhor

mau pior

grande maior

pequeno menor

SUPERLATIVO ABSOLUTO

REGULAR IRREGULAR

boníssimo ótimo

malíssimo péssimo

grandíssimo máximo

pequeníssimo mínimo





A título de ilustração e para encerrar este assunto, apresentamos a seguir uma pequena lista com os principais superlativos absolutos sintéticos usados na língua culta e literária.





alto — supremo amargo — amaríssimo

amigo — amicíssimo antigo — antiqüíssimo

áspero — aspérrimo bom — ótimo

comum — comuníssimo frio — frigidíssimo

geral — generalíssimo grande — máximo

humilde — humílimo íntegro — integérrimo

livre — libérrimo negro — nigérrimo

parco — parcíssimo pequeno — mínimo

sábio — sapientíssimo soberbo— superbíssimo





PLURAL DOS ADJETIVOS COMPOSTOS



A flexão dos adjetivos compostos é um assunto que suscita muitas dúvidas. Para formar o plural desses adjetivos há que se observar algumas regrinhas:

1) Quando os elementos são todos adjetivos, somente o último vai para o plural. Ex.



Cabelos castanho-escuros.

Saudades doce-amargas

Acordoa nipo-brasileiros

Vestidos verde-caros



Exceções: a) surdo-mudo, surdos-mudos, surda-muda, surdas-mudas,

b) azul-marinho e azul-celeste (invariáveis)

(Ternos azul-marinho.e vestidos azul-celeste)



2) Se os componentes do adjetivo composto foram uma palavra invariável + adjetivo, somente esse último elemento será flexionado. Ex.:



meninos mal-educadas,

povos semi-selvagens,

esforços sobre-humanos,

crianças recém-nascidas.



3) Os compostos formados por adjetivo + substantivo são invariáveis. Ex.:



Tapetes verde-esmeralda.

Blosas amarelo-laranja,

Chepéus escuro-ciza,

Gravata verde-malva,

Ternos verde-oliva,

Saias azul-pavão,

Olhos verde-mar,

calções azul-ferrete.

Vestidos azul-turqueza.



Ob.: Nesse último caso, subentende-se a expressão "da cor de". Dizemos, pois, que os ternos são da cor verde da oliva.



4) As locuções adjetivas formadas formadas por cor + de + substantivo também ficam invariáveis. Ex.:



vestidos cor-de-rosa,

olhos cor de mar

cabelos cor de palha,

olhos cor de safira,

sapatos cor de café.



Ob.: Muitas vezes, em nome da concisão, dizemos apenas: sapatos café, vestidos rosa, etc.


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[1] Quem nasce em Pereira Barreto (SP) é pereira-barretense (com hífen), e não “pereirabarretense”, como se costuma grafar. Pereira-barretense é a única forma correta. Portanto, quem escreve pereirabarretense (sem hífen) comete um erro de ortografia tão grave quanto quem grafa assúcar em vez de açúcar, gaz de cosinha em vez de gás de cozinha, tezoureiro em vez de tesoureiro, etc. . .

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